Luciane Viana Barros Páscoa
(UEA; GT RIdIM-Brasil - AM)
Imagens e narrativas sobre artistas em trânsito na Amazônia: tradição iconográfica e cultura visual entre os anos de 1880 a 1910
Durante o Ciclo da Borracha, entre 1850 a 1910 a Amazônia viveu seu fastígio econômico. As cidades de Belém e Manaus receberam um intenso fluxo migratório de estrangeiros e brasileiros de outros estados, e tal dinâmica impulsionou a efervescência do teatro musical. A pesquisa realizada pelo musicólogo Márcio Páscoa (2000, 2006) revelou que circularam pela Amazônia cerca de vinte companhias líricas em Belém e dez companhias em Manaus, nesse período. A atividade musical referente ao norte do Brasil, ainda pouco conhecida no restante do país, revelou-se rica e sensível por meio da publicação de estudos musicológicos de Páscoa (2009), cuja recuperação deste patrimônio musical permitiu melhor entendimento sobre o teatro musical na Amazônia em sua fase áurea. No desenvolvimento do projeto intitulado “Iconografia de artistas do Teatro Musical do século XIX atuantes em Belém e Manaus”, buscou-se o aprofundamento sobre a estética visual presente na fotografia da segunda metade do século XIX e início do século XX, a partir do conjunto documental fotográfico que revelou informações importantes sobre a vida musical, a estética e os elementos cênicos utilizados para os espetáculos da época. No presente estudo, após a organização do conjunto fotográfico em categorias de análise, pretende-se desenvolver narrativas que recuperem a crítica e a crônica do teatro musical, abordando o estudo da recepção de obras, artistas e companhias. Para fundamentação teórica e metodológica, serão utilizados os estudos de Erwin Panofsky, Walter Benjamim, Susan Sontag, Tom Mitchell e Phillipe Dubois. Através da pesquisa histórica em fontes primárias, do inventário de fontes imagéticas e textuais, da análise das imagens e da recuperação da crítica ou crônica musical acerca do desempenho dos artistas selecionados, este estudo pretende refletir sobre os aspectos sociais e criativos presentes nas narrativas da linguagem visual e do texto crítico, bem como sobre a repercussão da fotografia de gabinete na tradição iconográfica e cultura visual da estética oitocentista.
Breve Biografia
Possui graduação em Artes Plásticas e em Música pela UNESP, mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997) e doutorado em História Cultural pela Universidade do Porto (2006). É professora da Universidade do Estado do Amazonas, onde atua no Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes, e no curso de Música, no qual ocupa as cadeiras de Estética e História da Arte e Filosofia da Arte. Ainda nesta instituição, realiza atividade de pesquisa no Laboratório de Musicologia e História Cultural, no qual coordena a área de projetos, dentre os quais se destacam patrocínios importantes junto a instituições de projeção nacional, como Petrobras, com o projeto Ópera na Amazônia no período da borracha (1850-1910). É líder do grupo de pesquisa Investigações sobre memória cultural em artes e literatura, do PPGLA da UEA. É autora do livro Artes Plásticas no Amazonas: o Clube da Madrugada, Editora Valer (2011) e do livro Álvaro Páscoa: o golpe fundo, Edua (2012). Colabora com a revista de arte contemporânea portuguesa Umbigo. Atua principalmente nos seguintes temas: história da arte, arte luso-brasileira, iconografia musical, iconografia da dança e do espetáculo, iconologia.
É
membro ativo do Grupo de Trabalho RIdIM-Brasil sediado em Manaus, AM.